A Parashá Beshalach é uma das porções mais ricas em eventos milagrosos e lições profundas da Torá. Aqui estão algumas curiosidades e insights interessantes sobre essa parashá:
1. A Rota Alternativa para a Terra Prometida:
- Hashem não levou Bnei Israel pelo caminho mais curto, que passava pela terra dos filisteus, pois sabia que eles poderiam se assustar com a perspectiva de uma guerra e querer voltar ao Egito (Êxodo 13:17-18). Isso mostra a sensibilidade divina em relação às limitações humanas e a importância de um processo gradual de crescimento espiritual.
2. A Coluna de Nuvem e Fogo:
- A coluna de nuvem durante o dia e a coluna de fogo à noite não apenas guiavam Bnei Israel, mas também serviam como proteção. A nuvem criava sombra no deserto escaldante e iluminava o caminho à noite. Além disso, a nuvem atrasava o avanço dos egípcios, dando tempo para Bnei Israel escaparem.
3. A Abertura do Mar Vermelho:
- O milagre da abertura do Mar Vermelho (Yam Suf) é um dos eventos mais icônicos da Torá. Curiosamente, o mar só se abriu depois que Nachshon ben Aminadav, da tribo de Judá, entrou nas águas com fé, mesmo antes de elas se dividirem. Isso ensina a importância de dar o primeiro passo com confiança em Hashem .
- Segundo os sábios, o mar não se abriu apenas em uma direção, mas formou 12 caminhos separados, um para cada tribo de Israel.
4. O Cântico do Mar (Shirat HaYam):
- O cântico entoado por Moshe e Bnei Israel após a travessia do mar é um dos textos mais poéticos da Torá. Ele é recitado diariamente nas orações matinais judaicas (Shacharit) e é considerado um dos momentos mais elevados de conexão espiritual entre o povo e Hashem .
- A escrita do cântico na Torá é única, disposta em um padrão visual que lembra tijolos alternados, simbolizando a construção de uma nova identidade para Bnei Israel após a libertação.
5. O Maná: Alimento Celestial:
- O maná, que alimentou Bnei Israel durante 40 anos no deserto, tinha propriedades milagrosas. Ele podia ter o sabor que a pessoa desejasse, mas só podia ser coletado em uma quantidade específica por dia (um "omer" por pessoa). Isso ensinou ao povo a confiar na provisão diária de Deus e a evitar a ganância.
- No sexto dia, Bnei Israel coletavam uma porção dupla, pois no Shabat o maná não caía. Isso reforçou a observância do Shabat como um dia sagrado de descanso.
6. A Água da Rocha:
- Em Refidim, quando Bnei Israel reclamaram de sede, Deus instruiu Moshe a golpear uma rocha para que dela saísse água. Esse evento é visto como um teste de fé para o povo e também para Moshe. Mais tarde, em outra ocasião (Números 20), Moshe golpeará a rocha novamente, mas de forma inadequada, o que terá consequências para ele.
7. A Guerra contra Amaleque:
- Amaleque é descrito como o arquétipo do mal na Torá, atacando os mais fracos e cansados de Bnei Israel. A batalha contra Amaleque é simbólica da luta eterna entre o bem e o mal.
- O gesto de Moshe de erguer as mãos durante a batalha é interpretado de várias maneiras: alguns sábios dizem que era um ato de oração, enquanto outros veem como um símbolo de união, pois quando as mãos estavam erguidas, Bnei Israel se uniam e venciavam.
8. A Mulher de Moshe e seus Filhos:
- No início da parashá, há uma breve menção à esposa de Moshe, Tzipora, e seus dois filhos, Gershom e Eliezer, que se juntam a ele na jornada. Embora não seja detalhado, isso lembra a importância da família na missão de Moshe.
9. A Primeira Menção do Shabat:
- A parashá contém a primeira menção explícita do Shabat na Torá, quando Hashem instrui sobre a coleta dupla de maná antes do dia de descanso (Êxodo 16:23). Isso estabelece o Shabat como um mandamento central para Bnei Israel.
10. Simbolismo do Deserto:
- O deserto, onde a maior parte da parashá se passa, é um lugar de provação e purificação. Sem as distrações da vida material, Bnei Israel começam a construir uma relação direta com Deus, aprendendo a confiar Nele para suas necessidades básicas.
11. A Canção de Miriam:
- Após o Cântico do Mar, Miriam, a irmã de Moshe, lidera as mulheres em uma dança e cântico de celebração com tamborins. Isso destaca o papel ativo das mulheres na narrativa bíblica e sua contribuição para a espiritualidade do povo.
12. A Jornada como Metáfora da Vida:
- A parashá Beshalach é frequentemente vista como uma metáfora para a jornada espiritual de cada indivíduo. O deserto representa os desafios da vida, o maná simboliza a provisão divina, e a travessia do mar ensina a superar obstáculos aparentemente intransponíveis com fé.
Essas curiosidades e insights mostram como a Parashá Beshalach é repleta de camadas de significado, tanto históricas quanto espirituais, continuando a inspirar e ensinar até os dias de hoje.